Dedico as minhas breves palavras aos nossos mais e aos meus colegas.
Caros colegas, amigos e futuros Enfermeiros,
Ainda se lembram de quando pisámos o chão desta escola pela primeira vez? No bolso de cada um vinha a ansiedade, o medo e a incerteza... seríamos capazes disto? Tenho-vos a dizer que sim. Fomos capazes disto e de muito mais.
As primeiras vezes que entrámos em cada um dos serviços hospitalares foram sensações que não esqueceremos... Aquele nó na garganta, a boca seca e o coração a palpitar... Mas nada como daquela vez em que estreámos a nossa farda, apanhámos os cabelos, no bolso retificamos as canetas, as tesouras e o bloco de notas, enquanto pedíamos ao nosso Deus um bom começo de Ensino Clínico.
Entrámos ontem... estamos a sair hoje, foi tão rápido! Crescemos tanto, aprendemos mais ainda, contestámos o que no nosso entender não fazia grande sentido e engolimos sapos. Uns a seguir aos outros. Faltou-nos um ombro amigo para lidarmos com as nossas emoções de enfermeiros de primeira viagem e só nos tivemos uns aos outros! E sabem onde isso nos levou? A sermos o que somos hoje.
Agarrámos nos nossos medos, no stress a que estávamos expostos, juntámos as nossas dúvidas e costurámos tudo. No fundo, fizemos uma manta de retalhos... Cada um acrescentou o seu saber e de mão em mão, fomos passando o testemunho. Passámos a mão nas costas uns dos outros e dissemos de forma assertiva “nós conseguimos”. E a verdade meus caros, é que conseguimos!
Quando escolhemos ser enfermeiros, escolhemos dedicar o nosso tempo, a nossa sabedoria, a nossa inteligência e o nosso amor a quem mais precisasse! Somos nobres, seremos sempre! Seremos sempre ilustres, afinal, somos o coração de qualquer unidade, somos a mão que entrelaça, o “bom dia, como é que se sente hoje?”, somos o colo e o abraço profundo que utentes e familiares precisam. Somos e seremos sempre a luz que os guia e que os mantém aqui, porque é por essas pessoas que nos fizemos gente! E nem sempre foi fácil e vocês sabem bem que não foi.
Existiram momentos que para serem ultrapassados foram na base das lágrimas e do suor, da corrida contra o relógio e ainda assim, estamos aqui... Sabem porquê? Porque não é a escola que faz os estudantes. São os estudantes que fazem a escola, sempre que mostram a sua raça persistente e trabalhadora, dotada de tamanho conhecimento. Fomos nós que a levámos bordada no peito e quando questionados de onde pertencíamos, com um sorriso rasgado dissemos: “somos de Coimbra”!
E sempre que dizíamos de onde vínhamos, carregávamos o nosso traje, a Cabra, o Mondego, a Praça e carregávamos a nossa saudade... Saudade, essa que só existe em português, porque só nós a sentimos como deve ser sentida.
Não tenho dúvidas, dos profissionais incríveis e com valores que partilharam carteira comigo, não tenho dúvidas sobre o amor que nos uniu aqui. Mas prometam, que um dia, quando tudo voltar ao normal, nos juntaremos e numa só voz, num só abraço, sentiremos que o nosso tempo acabou, que foi “qualquer coisa, que não volta, que voou”, e que cada um de nós leva em si “guardado, o choro de uma balada”.
A cada um de vocês, o meu eterno obrigada e até sempre!
Maria Amaral Gomes
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